Dicas para se sair bem na entrevista em inglês
Terça-feira, seis e meia da tarde. Depois de quinze minutos
de espera na recepção, de ter tomado água e café, lá está você, diante do
selecionador de RH da empresa, do diretor americano ou do headhunter. Ele se
aproxima, sorridente, mão estendida e diz “Hi, my name’s Harry Jones.
Come on in”. Nesse momento não há saída: o idioma tem que estar na ponta da
língua, e a sua chance de conquistar a vaga pode depender de sua habilidade em
falar bem o inglês.
Muitos profissionais perguntam como comportar-se e o que
dizer numa entrevista em inglês – e qual a probabilidade de serem
bem-sucedidos. Se você sente-se como uma vítima do idioma de Tio Sam, aqui vão
algumas dicas para não errar na hora de mostrar sua segurança e seu domínio
nesse momento crítico.
O que você diz pode ser mais importante do que como dizê-lo.
Porém, saber dizê-lo de forma eficiente o torna mais cobiçado pelo mercado:
muitos profissionais perdem o fio da meada do que vão dizer porque não dominam
bem a língua, não têm vocabulário mais rico ou não conseguem deixá-lo na ponta
da língua para uso imediato.
Mostre que seu inglês é bom o bastante para suprir as
necessidades do cargo pretendido: se você vai participar de negociações,
espera-se que você seja fluente. Se seu cargo exige somente leitura de documentos,
você deve ser um bom leitor. Ideias abstratas são passadas com mais dificuldade
numa entrevista em inglês, pois a tendência é possuirmos menos palavras para
fazê-lo. Pratique algumas dessas ideias antecipadamente, através de perguntas –
por exemplo, Quais foram minhas maiores conquistas este ano? – e faça uma
relação das palavras que você conhece e principalmente das desconhecidas.
Pesquise o vocabulário e exercite seu uso – há bons dicionários em CD-Rom que
podem ajudá-lo a melhorar a pronúncia. Mas não esqueça: quando lhe fizerem esta
pergunta, os profissionais de RH buscam conhecer seus valores, prioridades e
crenças. Tudo o que você disser pode ser aproveitado para avaliar não somente o
seu inglês mas também sua personalidade.
Palavras grosseiras e aquelas que você não domina devem ser
removidas de seu vocabulário. Aprenda também a diferença entre gírias – como
“tira”, para “policial” e expressões idiomáticas – por exemplo, “na hora h“. A gíria pode ser inadequada e
politicamente incorreta, enquanto a expressão idiomática é mais natural numa
língua e portanto melhor aceita pelo ouvinte. Utilizá-las mostra ao
entrevistador que seu inglês é mais afiado, capaz de expressar as sutilezas.
Pronúncia e sotaque são duas coisas com as quais
há preocupação exagerada. Saber pronunciar bem as palavras (independe do
sotaque) é que deve ser a grande preocupação. Há uma constante obsessão com as diferenças entre o inglês americano e o britânico, mas a não ser que você tenha morado
muitos anos em país de língua inglesa, suas chances de ter influência do sotaque brasileiro são bem grandes. A questão
é determinar o quanto o sotaque atrapalha a compreensão do que você diz.
O bom falante de inglês deve estar atento a algumas
deselegâncias sutis: alguns vícios de linguagem (quando você fala ‘tipo
assim’, ‘sabe’ – ‘kind of’, ‘you know’)
são adquiridos principalmente por profissionais que viveram algum tempo no
exterior, assimilaram tais vícios e os repetem sem critério, certos de estar
abafando. Bom mesmo é aprender como dar pausas mais adequadas – importantes
quando falamos e precisamos de alguns segundos para organizar melhor nossas
ideias. Ficar só no ‘Well…’ ou ‘I mean…’ e
então dizer coisas irrelevantes com certeza não irá impressionar o
entrevistador.
Falar muito rápido pode atrapalhar. O seu delivery –
o ritmo pelo qual você verbaliza suas ideias – está muito mais ligado à
eficiência na escolha das palavras e entonação correta que necessariamente à
velocidade, como se fosse um locutor de rádio narrando uma partida de futebol.
Bons oradores conseguem manter a atenção de seus ouvintes através de recursos
mais sutis, como pausas dramáticas e variação no tom de voz. Isto vale para o
inglês também.
Ouça atentamente o que lhe é dito ou perguntado e não hesite
em pedir para repetir quando a mensagem não for clara. Como seu tempo para
elaborar a resposta pode ser maior, pense sobre o que vai dizer e evite limitar
sua resposta a um simples ‘yes’ ou ‘no’. Isto
significa interação com o entrevistador ou os outros candidatos e saber fazer
perguntas é tão importante quanto respondê-las corretamente.
Mostrar conhecimento do vocabulário utilizado no mundo dos
negócios ou termos técnicos da sua área de atuação conta muitos pontos. O
entrevistador pode, num determinado momento, usar um termo extremamente comum – ‘blue
chips’, por exemplo – e esperar que você saiba o que significa. Sua reação
pode ser a de quem não entendeu e desconhece o termo ou responder com
desenvoltura, dentro de um padrão esperado. Uma excelente maneira de manter-se
atualizado – inclusive sobre os fatos – é ler revistas como Business Week ou
Forbes e assistir a programas de TV a cabo com regularidade na CNN, BBC ou
Bloomberg. Lembre-se, claro, que estas atividades só produzem efeito se você já
tiver nível de conhecimento suficiente para entender o vocabulário básico. E atenção: o uso de bom vocabulário por si só não indica que o
candidato seja fluente. A escolha de palavras adequadas, pró-ativas, com
conotações positivas podem contribuir para causar o impacto desejado.
Ousadia no uso de estruturas mais avançadas pode agregar
valor à sua imagem. Quando falamos uma língua estrangeira, podemos parecer
menos exatos e precisamos de mais palavras para dizer algo que expressaríamos
mais rapidamente em nossa língua materna. A melhor maneira de estreitar este ‘gap’ é
através da prática regular – com professor ou, na ausência dele, com um grupo
de amigos com nível de conhecimento de inglês igual ou superior ao seu. Algumas
horas semanais podem fazer a diferença entre falar o idioma com menor ou maior
segurança e evitar o nervosismo na hora “h”.
Quem conhece bem outro idioma sabe ‘se virar’
melhor. Diante de um entrevistador, por exemplo, é possível dizermos o que
queremos – mesmo sem saber todas as palavras – através de um sinônimo ou uma
frase que exprima a mesma ideia. Isto é chamado competência estratégica e pode criar uma excelente oportunidade para
você mostrar flexibilidade e aptidão ao lidar com situações em que seu inglês
possa estar aquém do exigido.
Outras competências estratégicas auxiliam a ter melhor
leitura, audição e escrita, embora muitos acreditem que memorizar mais palavras
já basta para falar melhor. Nem sempre isso é verdade: as competências
estratégicas permitem um salto qualitativo na comunicação em idiomas
estrangeiros e a memorização sozinha não garante que o idioma estará sempre
disponível.
A qualidade daquilo que se diz em inglês pode ser medida em
situações inesperadas: há alguns entrevistadores que optam por realizar entrevistas por telefone. Pode parecer estranho num primeiro momento, porém é justamente
deste modo que muitos profissionais resolvem seus problemas no dia a dia do
trabalho. É sensato, então, esperar que você saiba se comunicar sem poder ver
quem está do outro lado da linha.
Outro tipo de atividade muito utilizada por selecionadores
em recursos humanos é a dinâmica de grupo em inglês. As tarefas têm por
objetivo avaliar sua capacidade de envolver-se numa discussão, debate ou
negociação no idioma e podem, por exemplo, apresentar um case específico em
marketing ou finanças. A solução do problema é alcançada em grupo, o qual
prioriza e toma diferentes decisões à medida em que a atividade avança. Ser um
bom ouvinte leva a entender melhor os pontos de vista de outros participantes e
certamente irá exigir linguagem de termos técnicos específicos, como divergir,
concordar, pedir e dar esclarecimentos etc. Há vasta bibliografia disponível
para auxiliá-lo a conhecer melhor esta área do inglês.
Fazer avaliações regulares contribui para conhecer melhor
seu nível de inglês. Testes reconhecidos mundialmente como o americano TOEFL (Test of English
as a Foreign Language) ou o britânico IELTS (International English Test
System) atestam a sua capacidade para falar, escrever e compreender o
idioma e podem ser realizados em várias cidades do país. Além de retratar com precisão
seu nível de conhecimento, eles podem ser citados em currículos e são
importantes credenciais de referência internacional. Servem também como meta a
ser atingida no conhecimento de inglês, hoje de uso tão corrente em muitas
empresas quanto o português.
fonte: In http://www.teclasap.com.br/blog/2007/04/03/dicas-para-se-sair-bem-na-entrevista-em-ingles/
Alex Monteiro - Diretor da Thames Language Development.
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